sábado, 24 de julho de 2010

Estatuto da Vida

Thiago Antonio Avellar de Aquino
Art. I:
Fica decretado que todos os seres humanos de boa vontade serão herdeiros de um mundo novo de paz entre os homens
Art. II:
Que a vida seja um dom a ser celebrado todas as manhãs, e que ao anoitecer possamos agradecer por mais um dia vivido com amor e atenção ao próximo
Art. III:
Que a fé, a esperança e a caridade sejam o pão nosso que a cada dia nos alimenta
Parágrafo Único:
Fica decretado que todo ser humano tem sua dignidade e valor inalienáveis e será respeitado incondicionalmente
Art. IV:
Que o ser humano seja guiado por sua própria consciência e, assim sendo, compreenda que todos somos irmãos pois descendemos de um mesmo Ser comum
Art. V:
Que sejam abolidas todas as armas, principalmente as que se encontram em nossos corações, pois a partir de hoje a paz reinará
Art. VI:
Que ninguém precise dizer “eu te amo” pois o amor será uma prática cotidiana e uma certeza entre todos nós
Parágrafo Único:
Fica decretado que os pássaros cantarão todas as manhãs em nossas janelas e que o nosso despertador – que é a consciência de nossa própria finitude – nos dirá suavemente “Carpe Diem” (aproveite o dia)
Art. VII:
Que o vazio nos corações dos desolados seja preenchido por valores dignos da espécie humana
Parágrafo Único:
Fica decretado que a beleza do por do sol seja o nosso hino universal, e que possa ser cantado junto com a esperança do amanhecer de um novo dia
Art. VIII:
Que o passado, o presente e o futuro formem a orquestra de cada ser humano, pelo qual todos possam tocar as suas próprias melodias tornando, assim, um mundo mais belo
Art. IX:
Que a vida possa ser vivida sem o julgo da escravidão e que a liberdade de cada ser humano seja tão verdadeira quanto a sua própria responsabilidade
Art. X:
Que os homens sigam suas intuições e construam uma existência repleta de sentido
Parágrafo Único:
Este estatuto entrará em vigor no seu coração apenas se, e somente se, estas linhas puderem ser escritas a cada dia de sua própria existência.

>>>Texto enviado pelo Professor Dr. Thiago Aquino. Ele que, por meio de sua maestria em ensinar a disciplina Logoteoria e Logoterapia (2009), possibilitou um brilhante encontro com os conceitos franklianos e a sua práxis!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

A vida no seu caráter de missão

"O que em geral interessa à análise existencial é fazer com que o homem experimente vivencialmente a responsabilidade pelo cumprimento da sua missão; quanto mais o homem apreender o caráter de missão que a vida tem, tanto mais lhe parecerá carregada de sentido a sua vida."

"É a própria vida que faz perguntas ao homem. O que o homem tem que fazer não é interrogar, mas ser interrogado pela vida e à vida responder: o homem tem que responder à vida, tonando-se responsável."

REFERÊNCIA:
FRANKL, V. E. Psicoterapia e sentido da vida. São Paulo. Quadrante, 2003.

Karen Guedes.

O PASSADO: Apenas passa ou se eterniza?



Sabe-se que o tempo decorrido é irreversível, mas o que nele aconteceu é intocável e inviolável. Partimos para uma exemplificação imagética que Frankl (2003) traz em seu livro "Psicoterapia e sentido da vida", na qual ele diz que o pessimista assemelha-se a um homem que está diante de um calandário de parede e vê, com medo e tristeza, como o calendário (a que arranca diariamente uma folha) fica cada vez mais fino; ao passo que quem conceber a vida da forma como disse na primeira frase deste texto, assemelha-se com um homem que cuidadosamente toma a folha que acabou de separar do calendário, para juntá-la às restantes já arrancadas, sem deixar de inscrever no verso uma notícia a modo de diário, a fim de se lembrar, com orgulho e alegria, de tudo o que está nessas notícias (de tudo que na sua vida foi realmente vivido).
Ao falarmos em passado, nas coisas que para trás ficaram, lembramo-nos das pessoas que estão na Terceira Idade, às quais apresentam mais realizações do que possibilidades, ao contrário de como, geralmente, acontece com as pessoas jovens.
"Mesmo que este homem repare ter envelhecido, que importa? Poderia, só por isso, olhar com um coração invejoso para a juventude de outros homens ou lembrar melancolicamente sua própria juventude? Porque, afinal - pois é isso o que antes deve perguntar-se - o que é que tem a invejar num homem moço? As possibilidades, talvez, que um homem jovem ainda tem, o seu futuro? "Muito obrigado" - pensará entre si - no meu passado tenho eu realidades, em vez de possibilidades: não apenas a realidade das obras realizadas, mas a do amor amado e das dores sofridas. E por estas é que mais orgulho eu sinto, muito embora sejam elas as que menos inveja despertam..."
Quão bom é saber que o passado está fixado, sendo, portanto, seguro. As realizações, embora passadas, ficaram guardadas, eternizaram-se, não se perderam juntamente com as pessoas que por algum motivo passaram por nossas vidas e não estão mais; momentos vividos de forma singular e que não voltam mais, por mais esforços que fizermos... reviver tudo isso é impossível, porém o que vivemos ficou guardado e intocável e ninguém pode arrancá-lo.
Certa vez ouvi uma frase que dita de outra maneira intencionava expressar que o passado é conhecido e imutável, o futuro, no entanto, é desconhecido e mutável, cabendo, no presente, agirmos de forma a configurar o nosso existir!

O passado passa de forma que não podemos resgatá-lo mais da mesma forma, contudo eterniza-se, o que me traz segurança ao saber que mesmo que sintamos saudades de algo ou alguém, o que passou, parece contraditório, mas mesmo ao acabar, ficou na eternidade. Porém, apesar da segurança, me traz também temor: pois a cada momento arco com a responsabilidade pelo momento seguinte, jáque as menores e maiores decisões ficarão para toda a eternidade!

Karen Guedes.

terça-feira, 20 de julho de 2010

V Congresso Brasileiro de Análise Existencial - LOGOTERAPIA



Estaremos lá, se Deus quiser!

" Escrever um livro não é uma grande coisa, saber viver é muito mais e ainda mais é escrever um livro que ensine a viver. Mas o máximo é viver uma vida sobre a qual se possa escrever um livro" (FRANKL, 2010)

Karen Guedes.

Viktor E. Frankl (1905 - 1997)


Para esclarecer a Logoterapia, precisamos conhecer, a princípio, o seu fundador. Um dos mais famosos psiquiatra do século XX, Viktor Frankl nasceu em Viena em 1905 em uma família de origem judaica. Desde muito pequeno mostrou uma grande inteligência e sensibilidade. Aos quatro anos de idade acordou uma noite sobressaltado com a ideia e que ele algum dia iria morrer. A partir desse momento começou a perguntar-se pelo sentido da vida e a interessar-se por questões filosóficas.
Desde jovem, ainda no ensino médio, começou o seu interesse pela psicologia. Estudou medicina na universidade de Viena e se especializou em neurologia e psiquiatria. Frankl organizou desde os anos 20 Centros de Aconselhamento para a juventude. Trabalhou no Hospital Psquiátrico de Viena e de 1937 a 1940 exerceu a psiquiatria de forma privada. Durante dois anos, de 1940 a 1942, dirigiu o departamento de neurologia do Hospital Rothschild (único hospital de Viena onde se admitiam judeus naquele momento).
Em dezembro de 1941 se casou com Tilly Grosser. No outono de 1942, junto com sua esposa e seus pais, foi deportado ao campo de concentração de Theresienstadt. Em 1944 foi transferido para Auschwitz e posteriormente para Kaufering e Turkheim, dois campos de concentração dependentes do campo de Dachau. Foi libertado em 27 de abril de 1945 pelo exército norte-americano. Viktor Frankl sobreviveu ao holocausto, porém tanto sua esposa como seus pais e irmão morreram nos campos de concentração. Depois de sua libertação, voltou para Viena.
Foram necessários alguns meses para que Viktor Frankl pudesse sobrepor-se às experiências vividas e as suas perdas e voltar a trabalhar na Policlínica de Viena. Em 1945 escreveu seu famoso livro Em busca de sentido, onde descreve a vida do prisioneiro de um campo de concentração a partir da perspectiva de um psiquiatra. Nessa obra que, inclusive nas condições mais extremas de desumanização e sofrimento, o homem deve encontrar uma razão para viver, baseada em sua dimensão espiritual. Essa reflexão lhe serviu para confirmar e terminar de desenvolver a Logoterapia, considerada a Terceira Escola Vienense de Psicoterapia, depois da Psicanálise de Freud e da Psicologia Individual de Adler.
Essa obra que originalmente se chamou Um psicólogo no campo de concentração, foi publicada em 18 idiomas e vendeu mais de 9 milhões de cópias. Frankl nunca imaginou que o nome desse livro estaria inscrito um dia na biblioteca do Congresso em Washington D. C. na lista dos dez livros que mudaram o curso da humanidade!
Desde então se dedicou a escrever - existem aproximadamente 39 livros de sua autoria traduzidos em 38 idiomas -, a dar conferências ao redor do mundo, a fazer psicoterapia, a formar logoterapeutas e a transmitir sua mensagem tal como se propôs ao ingressar no campo de concentração.
Em 18 de julho de 1947 casou-se com Eleonore - Elly - Schwindt, com quem compartilhou sua missão e sua obra pelo resto de sua vida.
No mesmo ano foi nomeado professor associado de neurologia e psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Viena.
Também foi diretor do departamento de neurologia da Policlínica de Viena ininterruptamente por 25 anos.
Foi professor convidado na Universidade de Harvard, como também nas universidades de Stanford, Dallas e Pittsburgh, e foi "Distinguished Professor of Logotherapy" em San Diego, Califórnia.
Ao longo de quatro décadas empreendeu inumeráveis viagens por todo o mundo dando conferências em mais de 200 universidades em todos os continentes. Vinte e nove universidades da Europa, América do Norte e do Sul, Ásia e África lhe outorgaram o título de doutor honoris causa. Foi galhardeado com numerosos prêmios, entre eles o Oskar Pfister Award da American Psychiatric Association, e uma nomeação para o Prêmio Nobel da Paz. Foi membro de honra da Academia Austríaca de Ciências.
Em 2 de setembro de 1997, morreu em Viena de ataque cardíaco. Viveu 92 anos muito ativos e cheios de sentido, deixando-nos um legado de amor à vida e esperança para o ser humano. Para Viktor Frankl, enquanto existisse vida e vontade haveria a luz da esperança.
Sua esposa Elly ainda vive. Ela e sua filha Gabrielle, seu genro Franz Veseley e seus netos Alexander e Katharina estão envolividos e comprometidos com a missão da Logoterapia: iluminar com a luz do sentido.A Logoterapia e Análise Existencial é uma abordagem antropológica centrada no princípio motivacional da "vontade de sentido"" e um método terapêutico específico para o tratamento do "vazio existencial" e das "neuroses noogênicas".Dentro de seus conceitos, Frankl inclui um dos aspectos mais reconhecidos de sua teoria, diferentemente dos demais teóricos da psicologia - inclusive os humanistas -, o aspecto doloroso da existência como algo intrínseco a nossa natureza humana e, portanto, como oportunidade de desenvolvimento, aprendizagem e sentido.
Existem associações e cátedras de Logoterapia ativas em diversos países. No Brasil se assinala a Sociedade Brasileira de Logoterapia fundada em 1984 com a presença do próprio Viktor Frankl, além de outros centros e institutos em vários estados.
Karen Guedes.
REFERÊNCIA:
FRANKL, V. O que não está escrito nos meus livros: memórias. São Paulo: É Realizações, 2010.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A essência da existência



"Viva como se já estivesse vivendo pela segunda vez, e como se na primeira vez você tivesse agido tão errado como está prestes a agir agora"(FRANKL, 2008, p. 134).

Sentiu a responsabilidade?

Pensar antes de agir... agir ao invés de reagir...

A todo o momento, estamos sendo questionados e precisamos responder à vida. Temos a liberdade para agir diante do feixe de possibilidades que a vida nos dispõe, consequente e concomitantemente, somos responsáveis pela forma como configuramos o nosso ser-aí, isto é, a maneira pela qual estamos agindo, sendo e existindo!

Escolhas, decisões, alternativas, caminhos, desvios, atalhos, curvas, estradas, pontes, abismos... Sim ou não? Continuar ou desistir? Ir ou parar? Avançar ou regredir?


Seja qual for a resposta, que seja SIM À VIDA! Vida com sentido!

REFERÊNCIA:
FRANKL, V. E. Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração. Coleção Logoterapia. São Leopoldo: Sinodal; Petrópolis: Vozes,2008.

Karen Guedes.